Muitos candidatos que vão prestar o exame da OAB estão focados em estudar de forma interdisciplinar. Afinal, essa é uma tendência que já vem aparecendo em algumas provas da Ordem e pode assustar algumas pessoas.
Mas você sabe realmente o que são essas questões interdisciplinares e como elas alteram a sua preparação para a prova da OAB? É importante conhecê-las para ficar mais tranquilo e seguro na resolução do teste.
Neste texto, explicaremos o que são as questões interdisciplinares e como se preparar para elas. Confira!
O que são questões interdisciplinares?
As questões interdisciplinares apareceram aos poucos, mas têm ganhado espaço nos Exames da Ordem e se tornando um assunto recorrente entre candidatos.
Elas apresentam um problema jurídico ao candidato e exigem o conhecimento em mais de uma área do Direito para serem resolvidas corretamente. Isso pode assustar algumas pessoas, principalmente as que preferem separar as disciplinas e resolver um assunto após o outro.
Mas fique tranquilo, pois não há indicativos de que o exame se tornará exclusivamente interdisciplinar. A tendência é que a separação das matérias e áreas se mantenha, até mesmo porque a elaboração de questões que contemplam várias áreas é mais complexa.
Não existe uma técnica específica para responder a essas questões, mas é possível se preparar para elas sem prejudicar o seu método de estudo habitual. O principal é não se assustar nem ficar nervoso diante da possibilidade de aparecerem perguntas interdisciplinares na prova.
Como estudar de forma interdisciplinar?
As áreas do Direito geralmente estão interligadas: o ordenamento jurídico e a aplicação de normas deve respeitar os princípios constitucionais, o atendimento ao advogado durante o processo civil tem que considerar o estatuto da OAB e assim por diante.
Por isso, apesar de ser uma tendência nova, as questões interdisciplinares não estão longe da atuação prática do advogado e, durante os estudos para o Exame da Ordem, você pode seguir algumas dicas para se preparar melhor sem atrapalhar o cronograma. Acompanhe.
Refaça provas anteriores
Esse já é um método de estudos conhecido dos candidatos: pegar provas anteriores e fazer ou refazer as questões, estudando novamente cada ponto e assunto que não souber responder. Mas tenha um pouco de cuidado, pois o ideal é fazer isso após algum tempo revisando a matéria. Ou seja, não comece sua preparação resolvendo provas.
Isso é importante porque, se você aplicar esse procedimento já no começo dos estudos, é natural que não consiga responder a várias questões. Isso pode ser bastante desanimador e até atrapalhar a sua preparação. O ideal é estudar bastante e resolver provas anteriores após um período, quando estiver mais próximo à data do exame.
Algumas questões interdisciplinares já foram cobradas em outros exames. Estudando as provas anteriores você vai conseguir identificá-las e melhorar a sua preparação. Mas fique ligado: os enunciados não dizem expressamente que se trata de uma questão interdisciplinar.
Ao ler a questão, você deve perceber que, para chegar à conclusão correta do problema apresentado, precisa aplicar o conhecimento de mais de uma área de estudo, por exemplo, mesclando Direito Constitucional com Direito Processual Civil ou Penal.
Sempre conecte uma matéria a outra
Essa é uma dica que vale ser aplicada desde o começo dos estudos para o Exame da Ordem: sempre conecte a sua preparação em uma matéria com outras áreas, fazendo anotações em seu material.
Se você está estudando Direito Civil, por exemplo, e o professor fala que em algum instituto se utiliza um princípio constitucional, procure suas anotações e reveja do que se trata. Anote também na matéria pesquisada que utiliza aquele princípio e em qual ponto. Isso facilitará a resolução de questões que têm essa abordagem.
Por exemplo, o Exame da Ordem XX, em 2016, teve uma questão envolvendo Direito Civil e Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Resumidamente, ela apresentava a seguinte situação.
Uma avó cuida do neto após o falecimento da sua filha, mãe do menino, e do desaparecimento do pai, que apenas o registrou. Após 10 anos, o pai reaparece, alegando que o filho deve viver com ele. A avó busca a ajuda de um advogado, para que o seu neto não seja levado pelo pai, o qual é foragido da justiça e não reconhecido pelo filho.
As opções de resposta que o candidatado precisava avaliar em busca de uma solução definitiva para a avó eram:
- ação de destituição do poder familiar cumulada com adoção;
- ação de destituição do poder familiar cumulada com tutela;
- ação de destituição do poder familiar cumulada com guarda;
- ação de suspensão do poder familiar cumulada com guarda.
A resposta correta é a segunda alternativa (ação de destituição do poder familiar cumulada com tutela). Perceba que, apesar de a questão falar sobre conhecimentos a respeito do ECA, esse enunciado também está relacionado ao Direito Civil: a tutela é uma das colocações em família substituta. O ECA tem apenas 3 artigos sobre o assunto, enquanto o Código Civil dedica um capítulo inteiro, com várias regras sobre o instituto.
Dessa forma, ao estudar o ECA, se o tema for tutela, é importante que o candidato entenda a relação com o Direito Civil, anotando em ambas as matérias a conexão. Isso facilitará a resolução desse tipo de questão, pois essa prática condiciona à interdisciplinariedade dos assuntos e dos princípios.
Busque cursos preparatórios que abordam dicas sobre o assunto
Se você optar por cursos preparatórios para a OAB, busque aqueles que já estão atentos à interdisciplinaridade e ofereçam dicas sobre isso. Os professores conhecem como funciona a banca e sabem que áreas estão mais sujeitas à interdisciplinariedade.
Assim, durante a explicação da matéria e a resolução de questões, eles já serão capazes de oferecer dicas específicas, mostrando como as áreas podem ser conectadas pelo avaliador e explicando qual seria a resposta jurídica para cada enunciado.
Pense no futuro profissional como advogado
A prova da OAB existe para que o bacharel em Direito possa exercer a profissão de advogado, e na prática da advocacia não há como dissociar uma área do Direito de outra. Sempre que um cliente busca o auxílio, é necessário saber interligar as disciplinas e as soluções jurídicas.
Para iniciar uma ação requerendo algum Direito Civil, por exemplo, você terá que saber os procedimentos elencados no Direito Processual Civil: que ação deve ser proposta para requerer a pretensão do meu cliente? Quais princípios constitucionais o réu violou? A quem é direcionado o recurso?
Tudo isso fará parte da vida do profissional, por isso, não pense nas questões interdisciplinares apenas como matéria de estudo para o Exame da Ordem, que é o seu foco agora, mas também como um aprendizado para toda a sua carreira.
Seguindo essas dicas sobre como estudar de forma interdisciplinar, você se preparará melhor para o Exame da Ordem e não será pego de surpresa por essas questões. Assim, você terá mais tranquilidade durante a prova, o que pode fazer a diferença entre a aprovação ou reprovação!
Gostou das nossas dicas? Então, entre em contato com a equipe do Saraiva Aprova e descubra como podemos ajudar você com a preparação para o Exame da OAB!
excelentes dicas. estou me preparando para a prova de primeira fase em outubro/2018
O O interessabte é ser advogado na hora do exame oab atendendo 40 clientes e orientando-os impecavelmente.
Enquanto na prática o advogado deve trabalhar apenas 4 horas por dia.
Vejo da relevância da interdisciplinaridade para a prática profissional, porém como parâmetro a ser cobrado em uma prova que exige assimilação de conteúdos extensivos das dezessete disciplinas jurídicas, se torna surreal, vez que poderia ser entendida como mais uma forma tendenciosa de reiterar o índice de reprovação.
Estudar 5 (cinco) anos e se submeter a tal procedimento em nome da preparação para o exercício profissional da advocacia não seria uma justificativa coerente, visto que, a vida prática deve ser associada aos conhecimentos acadêmicos adquiridos e contínuos, que será o norte de como proceder na resolução de determinados pleitos judiciais cotidianos, o que por sua vez ensejará na qualificação profissional. Nesse sentido, torna-se desproporcional e irrazoável quando se verifica a totalidade de candidatos reprovados. Assim sendo pertinente seria um repensar a necessidade da cobrança, a forma e o valor cobrado, pois se torna uma punição a cada reprovação vivenciada.